quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A ARTE DE NÃO ADOECER



SE NÃO QUISER ADOECER.....FALE DE SEUS SENTIMENTOS.

Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos "segredos", nossos erros... O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente Terapia!



SE NÃO QUISER ADOECER......TOME DECISÕES.

A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.




SE NÃO QUISER ADOECER......BUSQUE SOLUÇÕES.

Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.



SE NÃO QUISER ADOECER......NÃO VIVA DE APARÊNCIAS.

Quem esconde a realidade, finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar ser perfeito, bonzinho, etc., está acumulando toneladas de peso...uma estátua de bronze, mas com os pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital a dor.



SE NÃO QUISER ADOECER......ACEITE-SE.

A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.



SE NÃO QUISER ADOECER....CONFIE.

Quem não confia não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus..



SE NÃO QUISER ADOECER.....NÃO VIVA SEMPRE TRISTE.

O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. "O bom humor nos salva das mãos do doutor". A alegria é saúde e terapia!





(Drauzio Varella)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) Mania ou obsessão?

Até que ponto as manias podem ser consideradas obsessões?

O TOC faz parte da rotina de muita gente sem que elas se dêem conta!

Contar número das placas do carro, só dormir com a porta do armário fechada, contar degraus de escada ou só entrar em algum lugar com o pé direito. Afinal, todas essas coisas são apenas manias corriqueiras ou podem ser classificadas como doença?


O TOC (transtorno obsessivo compulsivo) é um transtorno psiquiátrico, classificado pelo excesso de ansiedade e manifestado através de obsessões (idéias e pensamentos persistentes) e de compulsões (atos repetitivos e desagradáveis que procuram afastar obsessões).


Com relação às sensações ruins que a pessoas que possuem TOC sentem, o mais indicado é procurar um diagnóstico indicado por um profissional especializado. O tratamento é sempre individual e acompanhado por psiquiatras, psicólogos e com auxilio de medicamentos inibidores da serotonina como a fluoxetina, sertralina e paroxetina na maioria dos casos.

A doença pode ter início na juventude e durar a vida toda se não for realizado o tratamento correto. Os sintomas desta doença muito comum são considerados, até mesmo pelos portadores, absurdos e ilógicos e, portanto, de tanto se martirizar a pessoa afetada cria rituais para afastar esses maus pensamentos, achando que desta maneira eles irão sumir. Acontece que ao colocar em prática esses rituais viciantes o doente fica ansioso. Esta mistura de sentimentos ruins causa uma profunda angústia e diminuição da auto-estima e, em alguns casos, pode levar a depressão.

Porém, nem tudo é considerado TOC. Se os rituais atrapalham sua rotina, então temos um problema. Agora, se não atrapalham não tem problema algum. Todo mundo tem manias, mas não necessariamente todo mundo tem TOC. Enquanto elas não forem obsessivo-compulsivas não tem problema algum a pessoa ter. Mas, quando a idéia passa a perseguir a pessoa, então é importante ficar atento e procurar ajuda especializada.

Temos que nos atentar porque muitas vezes a doença não é percebida pelas pessoas ao redor porque as obsessões aparecem apenas mentalmente e não são observáveis. Todas elas, perceptíveis ou não, tem a mesma função: reduzir a aflição associada a um pensamento.


Dicas sobre o que é ou não considerado TOC:

Apenas mania:

- Preocupações

- Dúvidas

- Crenças supersticiosas

- Organizar armários

- Comprar uma mesma marca sempre

- Levantar com o pé direito


São considerados TOCs:

- Lavar as mãos, a ponto de se machucar ou torná-las avermelhadas e inflamadas

- Contar certos objetos sem parar

- Verificar ou controlar algo incansavelmente

- Repetições ou confirmações

- Ordem, simetria, seqüência ou alinhamento de qualquer coisa

- Acumular, guardar ou colecionar coisas inúteis (colecionismo)


Os TOCs mentais são:

- Rezar demasiadamente, repetir palavras, frases, números

- Tocar, olhar, bater de leve, confessar, estalar os dedos, repetir palavras especiais ou frases

- Relembrar cenas ou imagens, fazer listas, marcar datas para tudo

- Tentar afastar pensamentos indesejáveis, substituindo-os por pensamentos contrários

- Preocupação excessiva com sujeira, germes ou contaminação

- Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento

- Pensamentos, imagens ou impulsos de ferir, insultar ou agredir outras pessoas

- Pensamentos, cenas ou impulsos indesejáveis, imorais e impróprios relacionados a sexo

- Preocupação em armazenar, poupar, guardar coisas inúteis ou economizar demasiadamente e sem necessidade

- Preocupações com doenças ou com o corpo


Indicação de filmes que trazem relatos sobre o TOC :

- Melhor é impossivel

- O Aviador

- Eterno Amor

- Monk

- Elektra


Fique atento com sua postura diante ao mundo e os pensamentos que cercam a sua cabeça e rotina.
Caso eles estejam descritos acima como compulsão, procure uma orientação de um profissional o mais rápido possível. De resto, é até interessante quando levantamos com o pé direito ou quando passamos o tempo fazendo cálculos malucos sem que eles possam atrapalhar o nosso dia-a-dia!


Daniela de Melo Julianetti
Psicóloga
http://www.psicologiaplenum.com.br/





quinta-feira, 16 de setembro de 2010

TIMIDEZ

Afinal, o que é Timidez?

Timidez não é transtorno mental porque não se encaixa em certos critérios e, por isso, não figura nos códigos da Classificação Internacional de Doenças - 10a. Edição (CID-10) da Organização Mundial de Saúde, e nem no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 4a. Edição (DSM-IV), da Associação Americana de Psiquiatria. Esses critérios envolvem o sofrimento ou a incapacitação presentes ou o risco de agravamento.

Se Timidez não é transtorno, o que ela é então?

Há duas maneiras de se explicar o que é Timidez. A primeira, usada pelo senso-comum, é pela descrição dos sinais e sintomas que se destacam na pessoa. A segunda, pelo que se passa dentro da pessoa portadora de Timidez.

Pelo senso comum, a Timidez é um padrão de comportamento caracterizado pela inibição em certas situações, podendo ser acompanhado de algumas alterações fisiológicas, como aceleração da respiração e dos batimentos cardíacos. Em outras palavras, é um padrão de comportamento em que a pessoa não exprime (ou exprime pouco) os pensamentos e sentimentos, e não interage ativamente. Esta maneira de explicar a Timidez é também usada em várias abordagens da psicologia e de psicoterapia.

A outra maneira de explicar o que é Timidez, é descrever o que se passa dentro da pessoa. Embora esta seja uma área complexa, como são todos os processos psicológicos, alguns pontos se destacam.

- Reconhecimento da dificuldade em interagir com as pessoas ou em situações sociais.

- Anseio de mudar, ou seja, o anseio de liberdade.

- Presença de desacordos internos. Ao lado do anseio existem barreiras que impedem a livre expressão de pensamentos, sentimentos, emoções. Dependendo do peso relativo do anseio e das barreiras, a dificuldade é maior ou menor, restrita a certas situações ou extensiva a muitas.

- A dificuldade não gera grande sofrimento e tampouco compromete de forma significativa a realização pessoal.

- Presença de sentimentos e emoções que se exprimem intensamente em fantasias. Uma vez que os sentimentos não são expressos integralmente na vida real, tal represamento faz com que as fantasias se tornem muito mais intensas e freqüentes. Nas fantasias as barreiras não existem.

Desacordos internos, forças antagônicas como essas (anseio e barreiras), geram sensação de ameaça, de perigo, chamada ansiedade. A ansiedade se exterioriza de diversas maneiras, dependendo de particularidades dessas forças - uma das expressões, como no caso da Timidez, é inibir, bloquear os canais de comunicação. Ou seja, em certas situações, as barreiras superam o anseio ou convivem com ele lado-a-lado.

Esses processos internos têm vários tipos de explicações pormenorizadas, segundo a Teoria da Personalidade que se adota. Cada Teoria da Personalidade procura explicar a formação das características das pessoas, as razões que levam o ser humano a ser deste ou daquele jeito. Desvios nesse desenvolvimento causariam problemas ao indivíduo. A Timidez, um desses desvios, pode ser explicada de diferentes maneiras, dependendo da teoria que se adote. As informações dadas aqui não se baseiam em nenhuma dessas teorias, mas contêm elementos de várias.

De qualquer forma, seja pela visão do senso comum, seja pela visão do processo interno da pessoa, a Timidez não compromete de forma significativa a realização pessoal, mas exprime um empobrecimento na qualidade de vida. Isso pode ser notado em situações sociais diversas. Exemplos: dificuldades, mas não impossibilidade, em participar de atividades em grupo, de praticar esportes coletivos, para falar em público, para fazer uma pergunta em sala de aula, ao abordar alguém para namoro ou relação íntima, em escrever o que pensa, ao falar com alguém em posição de autoridade, para divertir-se em público, e assim po diante.

Causas da Timidez

As causas da timidez são múltiplas. Entretanto, excetuando-se possíveis fatores genéticos, pode-se dizer que a Timidez resulta de um processo. Esse processo pode ser explicado de diversas formas, dependendo da corrente psicológica que o profissional segue. E cada corrente enfatiza um conjunto de fatores ou causas para se desenvolver a Timidez ou qualquer outro problema psicológico.

Uma vez que é impossível alinhar todas essas correntes da psicologia e então explicar como cada uma descreve os processos psicológicos. E dessa forma, alinha algumas causas, como:

Pai ou um dos pais porta Timidez - A percepção depreciada de si mesmo o faz depreciar ou não confiar no filho(a).

Pais ou um dos pais muito agressivo - Isso faz com que o filho tenha uma visão dos outros como potencialmente hostís.

Experiências de humilhações silenciosas ou públicas - Isso corrói o "eu" ou produz distorções no "eu" que está se desenvolvendo.

Familiares críticos - Algumas famílias têm uma cultura muito crítica. Essa postura pode ser velada ou aberta, direta (dirigida para dentro dela mesma) ou indireta (críticas dirigidas a pessoas de fora).

Problemas familiares que causem vergonha - É comum as crianças ou adolescente sentirem-se envergonhados durante um processo de separação dos pais, por exemplo. Isso pode ser superado em pouco tempo ou pode permanecer como uma forma de auto-depreciação. Problemas familiares de outra natureza podem também causar esse dano.

Famílias afetivamente frias - Famílias que não exprimem os sentimentos ou os exprime muito pouco, principalmente os sentimentos de carinho e alegria pelas realizações de alguém do grupo. Elas podem contribuir indiretamente para a Timidez, na medida que isso não ajuda a desenvolver uma percepção pessoal de capacidade de realização, de competência, de ser capaz de ser amado, de ser estimado, de ser respeitado pelos outros.

Experiências como essas desenvolvem percepções do "eu" como sendo frágil e sujeito a crítica dos outros.

A evolução da Timidez á favorável. Mais de noventa por cento das pessoas se consideram tímidas ou já foram tímidas ou apresentaram episódios de Timidez em algumas ocasiões da vida. Pouco mais de quarenta por cento das pessoas se consideram tímidas, aí incluídos os três graus, leve, moderada e severa. Portanto, mais da metade superaram a Timidez.

A Timidez é mais comum na adolescência, principalmente no início. Por volta dos vinte anos a maioria dos adolescentes já superou esta dificuldade ou a reduziu substancialmente. Ao que parce não existe correlação entre Timidez na infância e na adolescência. A criança pode apresentar Timidez leve, e na adolescência o quadro mostrar-se severo. Por outro lado, os portadores de Fobia Social em geral apresentam uma história de Timidez na infância.

Tratamento da Timidez

A forma mais indicada e rápida de superar a Timidez é com a ajuda de um profissional. No Brasil, profissionais das áreas da psicologia e psiquiatria, particularmente os que se dedicam à psicoterapia, estão melhor aparelhados para proporcionar essa ajuda.

Um processo psicológico pode ser modificado desde que introduzidas determinadas variáveis na vida do indivíduo. Os terapeutas são preparados para introduzir essas variáveis.

As psicoterapias se aplicam a qualquer transtorno da ansiedade, mas certos terapeutas se dedicam mais a algumas delas, como é o caso da área da Timidez e das fobias. Existem dezenas de abordagens, mas poucas estão baseadas em modelos teóricos e/ou experimentais consistentes.



fonte: http://www.timidez-ansiedade.com/

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

PSICOLOGIA POSITIVA E RESILIÊNCIA

A PSICOLOGIA POSITIVA

Durante todo o ano de 1998, Martin Seligman, na condição de presidente da American Psychological Association, escreveu artigos mensais que focalizavam a necessidade de mudança no foco das contribuições da Psicologia, ainda centrado numa prática historicamente orientada para a compreensão e tratamento de patologias. Segundo esse importante pesquisador, a ciência psicológica tem "esquecido" ou negligenciado a sua mais importante missão: a de construir uma visão de ser humano com ênfase em aspectos "virtuosos".

Nesta ótica, o movimento intitulado Psicologia Positiva e é definido como uma "tentativa de levar os psicólogos contemporâneos a adotarem uma visão mais aberta e apreciativa dos potenciais, das motivações e das capacidades humanas". Tendo em vista esta perspectiva, a ciência psicológica busca transformar velhas questões em novas possibilidades de compreensão de fenômenos psicológicos como felicidade, otimismo, altruísmo, esperança, alegria, satisfação e outros temas humanos, tão importantes para a pesquisa quanto depressão, ansiedade, angústia e agressividade.

Trata-se, portanto, de uma psicologia que almeja antes de tudo romper com o viés "negativo" e reducionista de algumas tradições epistemológicas que têm adotado o ceticismo diante de expressões salutogênicas de indivíduos, grupos ou comunidades. Entretanto, postular uma ciência que focalize potencialidades e qualidades humanas exige tanto esforço, reflexão e seriedade conceitual, teórica e metodológica quanto o estudo de distúrbios e desordens humanas. Na esteira destas iniciativas, alguns fenômenos indicativos de "vida saudável" têm sido referidos como sistemas de adaptação ao longo do desenvolvimento, dentre os quais destaco a resiliência.


O CONCEITO DE RESILIÊNCIA
Resiliência é freqüentemente referida por processos que explicam a "superação" de crises e adversidades em indivíduos, grupos e organizações. Por tratar-se de um conceito relativamente novo no campo da Psicologia, a resiliência vem sendo bastante discutida do ponto de vista teórico e metodológico pela comunidade científica. Alguns estudiosos reconhecem a resiliência como um fenômeno comum e presente no desenvolvimento de qualquer ser humano, e outros enfatizam a necessidade de cautela no uso "naturalizado" do termo .

Na língua portuguesa, a palavra resiliência, aplicada às ciências sociais e humanas, vem sendo utilizada há poucos anos. Neste sentido, seu uso no Brasil ainda se restringe a um grupo bastante limitado de pessoas de alguns círculos acadêmicos. Muitos profissionais da área da Psicologia, da Sociologia ou da Educação nunca tiveram contato com a palavra e desconhecem seu uso formal ou informal, bem como sua aplicação em qualquer das áreas da ciência. Por outro lado, profissionais das áreas da Engenharia, Ecologia e Física, e até mesmo da Odontologia, revelam certa familiaridade com a palavra, quando ela se refere à resistência de materiais.

Nos diferentes países da Europa, nos Estados Unidos e no Canadá, a palavra resiliência vem sendo utilizada com freqüência, não só por profissionais das ciências sociais e humanas, mas também em referências da mídia a pessoas, lugares, ações e coisas em geral. Uma pesquisadora canadense (Martineau, 1999) cita, em seu importante trabalho de doutorado sobre resiliência, alguns exemplos das contradições deste uso coloquial, quando pessoas famosas são consideradas "resilientes" pela mídia tanto por tolerarem como por terminarem seus casamentos. Pessoas ou coisas (desde pneus de carros até cremes para a pele) que tanto resistem como provocam mudanças também são descritas como "resilientes" nos comerciais de jornais ou TV. Em diálogos informais, as pessoas classificam-se como "resilientes" ou "não resilientes", o que sugere uma "objetificação" ou "coisificação" do conceito.

Não obstante, no Brasil, a palavra resiliência e seus significados ainda permanecem como "ilustres desconhecidos" para a grande maioria das pessoas, enquanto nos países mencionados acima o termo é inclusive muito utilizado para referendar e direcionar programas políticos de ação social e educacional, o que aqui (talvez felizmente...) ainda parece estar longe de acontecer.

Para melhor exemplificar a diferença cultural nas prioridades de significado da palavra resiliência nas línguas portuguesa e inglesa, recorreu-se a dicionários atualizados. O dicionário de língua portuguesa de autoria de Ferreira (1999), conhecido como Novo Aurélio, diz que, na Física, resiliência "é a propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora duma deformação elástica". No sentido figurado, o mesmo dicionário aponta o termo como "resistência ao choque". O dicionário de língua inglesa Longman Dictionary of Contemporary English (1995) oferece duas definições de resiliência, sendo a primeira: "habilidade de voltar rapidamente para o seu usual estado de saúde ou de espírito depois de passar por doenças, dificuldades etc.: resiliência de caráter". A segunda explicação para o termo encontrada no mesmo dicionário afirma que resiliência "é a habilidade de uma substância retornar à sua forma original quando a pressão é removida: flexibilidade".

Como se pode ver, os dois dicionários apontam para conceituações semelhantes e ao mesmo tempo divergentes, pois no dicionário de português a referência é feita apenas à resiliência de materiais, e mesmo no sentido figurado, nada é especificamente claro para a compreensão do que seja a resiliência quando se trata de pessoas. Já o dicionário de inglês confirma a prioridade ou maior familiaridade para o uso do termo em fenômenos humanos, apontando em primeiro plano a definição neste sentido.

Acesse o artigo na integra:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722003000300010&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

AFINIDADE

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
O mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediando a vida.

É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo sobre o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro.

Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.

Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.

O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples
e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos
fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavra.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com.

Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.

É olhar e perceber.
É mais calar do que falar.
Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.

Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Só entra em relação rica e saudável com o outro,
quem aceita para poder questionar.
Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar,
não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é.

E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso.
Isso é afinidade.
Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceita
o outro como ele é. Por isso, aliás, questiona.
Questionamento de afins, eis a (in)fluência.
Questionamento de não afins, eis a guerra.

A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele.
Independente dele. A quilômetros de distância.
Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.
Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar,
por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos.
Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos,
veremos ou falaremos.

Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saem
para buscar sintomas com pessoas distantes,
com amigos a quem não vemos, com amores latentes,
com irmãos do não vivido?

A afinidade é singular, discreta e independente,
porque não precisa do tempo para existir.
Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceu
o vínculo da afinidade!
No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relação
exatamente do ponto em que parou.
Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidas
nem pelas pessoas que as tem.
Por prescindir do tempo e ser a ele superior,
a afinidade vence a morte, porque cada um de nós traz afinidades
ancestrais com a experiência da espécie no inconsciente.
Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós,
para encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes.

Sensível é a afinidade.

É exigente, apenas de que as pessoas evoluam parecido.
Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau,
porque o que define a afinidade é a sua existência também depois.


Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depois
encontra com saudade ou alegria, mas percebe que não vai conseguir
restituir o clima afetivo de antes,
é alguém com quem a afinidade foi temporária.
E afinidade real não é temporária. É supratemporal.

Nada mais doloroso que contemplar afinidade morta,
ou a ilusão de que as vivências daquela época eram afinidade.

A pessoa mudou, transformou-se por outros meios.
A vida passou por ela e fez tempestades, chuvas,
plantios de resultado diverso.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças,
é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas,
quantos das impossibilidades vividas.


Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou,
sem lamentar o tempo da separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.

Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.

E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais,
a expressão do outro sob a forma ampliada e
refletida do eu individual aprimorado.

(Arthur da Távola)